Teste sua Personalidade Autoritária com a Escala F proposta por Adorno

Em tempos sombrios, de tanta intolerância, é oportuno trazermos para reflexão o teste concebido após a Segunda Guerra Mundial para se avaliar personalidades autoritárias, no contexto do fascismo que acabara de assolar o planeta. Veja abaixo os detalhes da Escala F que auxilia a entender a natureza ideológica do autoritarismo. Você também poderá avaliar seu perfil, respondendo ao questionário concebido nos anos 50.

A Escala F é um teste de personalidade de 1947, proposto por Theodor W. Adorno e outros para medir a “personalidade autoritária“. O “F” significa “fascista”. A Escala F mede respostas sobre diversos componentes distintos do autoritarismo, como convencionalismo, agressão autoritária, superstição e estereotipia, poder e “tenacidade”, destrutividade e cinismo, projetividade e sexo. Os resultados verificados a partir da Escala F podem ser diretamente associados a dimensões de trajetória, nível educacional e capacidade intelectual.

Os fundamentos metodológicos do teste encontram-se na publicação Personalidade Autoritária. Ele foi produto de um extenso trabalho empírico liderado por Adorno. Foi, de certo modo, síntese de outras duas escalas, propostas e estudadas à época: escala anti-semita e escala etnocentrista. A versão final da Escala F é resultante de, pelo menos, 4 versões diferentes de questionários aplicados em grupos distintos e ajustados estatisticamente, conforme explica a metodologia.

Há várias críticas ao teste, que realiza sua avaliação a partir de perguntas que envolvem, em última análise, posições autoritárias. Além disso, os respondentes não são confrontados com contextos específicos para avaliarem a natureza possível de suas respostas. Entretanto, é visível que a temática ideológica na qual se funda a personalidade autoritária, mostra-se atual, apesar das profundas mudanças culturais desde o Pós-Guerra até a atual Era da Informação. Encontram-se no teste questões referentes a posturas sexistas, a interpretações que ignoram a ciência, ao preconceito contra homossexuais, à solução pela força de polêmicas, algumas das inúmeras temáticas que continuam a assombrar na atualidade, os comportamentos de intolerância. O teste nos ajuda a entender, porque procede caracterizar como fascistas determinados comportamentos nos dias de hoje, mas também nos remete à reflexão sobre a natureza historicamente atávica dos desequilíbrios em parte da humanidade e na sua latência em cada um de nós. Somente a questão 24, que originalmente tratava da Alemanha pré-guerra, precisou ser adaptada para nossa conjuntura. Certamente, falta uma questão expressa sobre o preconceito contra os cidadãos e cidadãs pretos.

Preencha o questionário e conheça seu perfil na Escala F.

Todas questões são obrigatórias. Ao final, clique no botão Enviar Resposta e obtenha seu escore. Caso queira aprofundar, veja no quadro dos componentes o número de cada pergunta e faça você mesmo a apuração de seu escore para cada um deles, conforme orientações.

[WATU 2]

Componentes da Personalidade Autoritária e Pergunta Correlatas

Componentes da PersonalidadeQuestões que medem o componente
Convencionalismo: adesão rígida aos valores convencionais da classe média1, 2, 3, 4
Submissão autoritária: atitude submissa e acrítica em relação às autoridades morais idealizadas do endogrupo1, 5, 6, 7, 8, 9, 10
Agressão Autoritária: tendência a estar atento e a condenar, rejeitar e punir pessoas que violam os valores convencionais2, 3, 11, 12, 13, 14, 15, 16
Anti-intracepção: oposição ao subjetivo, ao imaginativo, ao sensível3, 4, 17, 18
Superstição e Estereotipia: A crença em determinantes místicos do destino do indivíduo; a disposição de pensar em categorias rígidas5, 6, 19, 20, 21, 22
Poder e “Tenacidade”: preocupação com a dimensão dominação-submissão, forte-fraco, líder-seguidor; identificação com figuras de poder; ênfase excessiva nos atributos convencionalizados do ego; afirmação exagerada de força e tenacidade8, 11, 12, 20, 23, 24, 25, 30
Destrutividade e cinismo: hostilidade generalizada, difamação do humano.26, 27
Projetividade: disposição de acreditar que coisas selvagens e perigosas acontecem no mundo; a projeção para fora de impulsos emocionais inconscientes18, 22, 25, 28, 29
Sexo: preocupação exagerada com “acontecimentos” sexuais13, 16, 29