Eleições: em 2018 tudo esquisito e agora? 

As eleições de 2018 marcaram a história do Brasil e de Minas Gerais. Vários acontecimentos se sucederam no país e no Estado, pavimentando os resultados eleitorais inesperados. Desde então, “nas escolas, nas ruas, campos, construções”, quase todos perdidos sem explicações, continuamos buscando entender, como mudar tudo nas próximas eleições.

Desde a declaração de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro em março de 2021, a anulação da condenação de Lula, até a 24ª vitória do ex-presidente junto ao STF, que suspendeu a ação penal referente aos caças Gripen, alimentada pela sua liderança nas pesquisas eleitorais, a parcela dos brasileiros que se sentiram órfãos da democracia e aviltados pelo desmonte da esfera pública brasileira voltaram a se encher de esperança de retomar o caminho da construção de um Brasil solidário e inclusivo. E a esperança de deixar para a história toda essa avalanche de preconceitos e agressividade na convivência cidadã aumenta, quando políticos como Fernando Pimentel, que foram duramente perseguidos tiveram todos seus processos arquivados sem condenações, quando políticos, que ameaçam abertamente com violência as autoridades são condenados, quando Lula se torna capa da revista Time como estadista perseguido.

Entretanto, ‘tá tudo bem, mas tá esquisito‘. A vaga ideia de esquerda versus direita continua vazia de conteúdo alimentando as análises nas redes sociais. O montante de recursos para as campanhas dos candidatos aumentou cerca de 3 (três) vezes em relação ao disponibilizado em 2018!!! Parte expressiva dos eleitores não se lembra mais do negacionismo e aumenta seu apoio à reeleição, mesmo com inflação e desemprego crescentes. Parte expressiva mídia tradicional continua não tolerando Lula, como mostram os comentários sobre sua entrevista à Time. O Centrão continua vivo, dominando o Congresso Nacional, carregando debaixo do braço um proposta de ‘semipresidencialismo‘. Em Minas Gerais, a opção eleitoral possível para o Governo do Estado só entusiasma as torcidas de mesa de boteco e ela ainda hesita em apoiar Lula. As críticas e ameaças veladas do Presidente e dos representantes das Forças Armadas às urnas eletrônicas continuam em ‘crescendo‘. As pesquisas, por sua vez, continuam a dar vantagens para o campo popular. Assim como o volume de ‘memes’, as expressas desaprovações da mídia aos excessos do autoritarismo e à discriminação identitária têm acalentado nossos corações. O Supremo está atuando bravamente para regular o uso do Whatsapp e do Telegram nas eleições. Mas está esquisito, não está?!

Contudo, os especialistas em pesquisa eleitoral asseguram que essas eleições serão diferentes. As redes sociais continuarão a desempenhar o papel. O eleitor, porém, segundo eles, não embarcará em aventuras. Quer segurança. Quer políticos experientes. Será que essa ‘psicologia de massas‘ procede? (Leia o artigo O A alma coletiva: entendendo as tramas do comportamento político) Vale lembrar a reflexão de Freud:

“As massas nunca tiveram a sede da verdade. Requerem ilusões, às quais não podem renunciar, Nelas o irreal tem primazia sobre o real, o que não é verdadeiro as influencia quase tão fortemente quanto o verdadeiro. Elas têm a visível tendência de não fazer distinção entre os dois.”

Freud, Sigmund. Psicologia das Massas, 1920, p. 14.

O que aconteceu 2018

Para uma reflexão sobre os desdobramentos que poderemos enfrentar, relembre a escalada de acontecimentos em 2018. A cada mês, a partir de março com o assassinato da Vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Nunes, vivemos um episódio avassalador no Brasil e em Minas, que viria a culminar com um veredito estapafúrdio por parte dos eleitores em outubro no dia da votação, definindo a história que passaríamos a viver desde então.